O Jogo do Pau e a sua história

O jogo do pau é uma técnica de luta, em que a arma é um simples pau direito e liso, da altura aproximada de um homem, habitualmente manejado pelos contendores, que procuravam por um lado, atingir o (s) adversário (s) e, por outro, defender-se dele (s) e melhor possível.
Refira-se que o homem sempre teve necessidade de se defender (luta pela sobrevivência) de animais selvagens, que eram um ameaça, pondo em risco os mais desprevenidos.
Assim, começou por utilizar o que a natureza lhe punha à disposição como pedras, paus, etc.
Em Portugal, havia duas áreas distintas onde ele se praticava. Uma nortenha, compreendendo as províncias do Minho, Douro Litoral, Beira Alta e Beira Litoral e uma outra mais a Sul, compreendendo o Ribatejo e parte da Estremadura (incluído Lisboa).
Há quem pretenda encontrar, se bem que tal teoria permaneça muito discutível a origem deste tradicional jogo português no Minho. Do Minho ter-se-ia estendido a Trás-os-Montes e às Beiras. Depois, com as migrações para capital, os minhotos também terão levado o jogo que se espalhou pela Estremadura e Ribatejo.
Indubitável é, todavia, que o jogo do pau, do ponto de vista da sua natureza, do seu significado cultural e do contexto geral em que se integrava, apresenta-se sob duas formas perfeitamente distintas: uma o jogo-combate, que era uma luta propriamente dita, autêntica dura e rude, que visava efectivamente dominar ou inutilizar os adversários (predominantemente no Norte); outra, o jogo-desporto, torneio atlético, combativo, exibicionista, mas sem intuitos agressivos (dominante no Sul).
Com efeito, o homem rural nortenho, geralmente, não possuía armas de fogo. Apesar disso, vivia numa atmosfera de violência e de perigo latente em que as agressões e os ataques eram sempre de recear. Associado ao já dito, havia, em tempos mais antigos, um banditismo à mão armada que infestava os lugares mais solitários e ermos.
Por todo esse conjunto de razões, o pau era companhia apoio e arma de defesa e ataque, utilizada em rixas e contendas constantes.
Na verdade, as oposições e rivalidades entre as gentes de aldeias próximas eram norma, por razões mais ou menos graves, por vezes insignificantes: mulheres águas cães…
Pelo que vem sendo dito, o jogo do pau integrava-se não só num determinado contexto geográfico, mas essencialmente, num contexto sócio-cultural específico.
Os tempos mudaram, as condições sócio-económicas e culturais também, pelo que, hoje em dia, já não se pretende “varrer feiras”, nem “ajustar contas”, mas sim dominar um técnica, educar a mente e o corpo, desenvolver capacidades de decisão e rapidez de reflexos. Para isso, existem algumas escolas espalhadas pelo país.
Uma das mais representativas é, sem dúvida, a da Associação Desportiva e Cultural de S. João Baptista de Bucos.
As suas origens remontam ao início do século vinte, anos 30, altura em que o “mestre” Calado, do vizinho concelho de Vieira do Minho, iniciou muitos jovens de Bucos, no manejo do pau.
Mais tarde, Adelino barroso, de Vila Boa de Bucos, continuou a tarefa já iniciada, transformando muitos rapazes em hábeis jogadores.
Posteriormente, Ernesto dos Santos, que aprendera com o “mestre“ Calado, cimentou os alicerces da “Escola” de Bucos ensinando essa “arte” a todos os interessados. Por essa mesma altura, Domingos Calado (filho do já citado “mestre“ Calado, também ensinou na nossa terra.
Dos ensinamentos desse mestre “caceteiro” resultou um grupo de bons jogadores, alguns dos quais, anos volvidos, em 1966, actuaram em Cabeceiras de Basto para uma cadeia de televisão alemã.
Definitivamente legalizada, é em 1980 que a Associação Desportiva e Cultural de S. João Baptista de Bucos se relançou, aquando da participação na festa de S. Bartolomeu em Cavez, onde foi filmada pela RTP pela 1ª vez.
A partir daí, jamais parou esforçando-se afanosamente por mostrar, do modo o mais genuíno possível, a técnica nortenha do jogo do pau. As suas ”pauladas” têm soado por todo o país e até no estrangeiro. Também não tem descurado a formação, apostando na iniciação ao jogo por parte dos mais novos.

Pancadas da cabeça

Passagem de paus

Jogo da cruz simples

Jogo da cruz falseado


Ladeadodo ou jogo do barre feiras

Jogo de dois em frente

Jogo falseado de três

Contra-jogo

Ladeado com dois jogadores no meio